Turismo de Experiência por meio do artesanato Caiçara e Quilombola
Um projeto de turismo de experiência sustentável que gera renda, auto estima e integração entre grupos de mulheres artesãs
Nome completo do(a) representante do projeto
Doriléia de Jesus AlvesNacionalidade
BrasileiraGênero
- Feminino
Data de Nascimento
12101977





Sede da organização (UF)
- São Paulo
Site da organização
www.banarte.com.br (em construção)Mídias sociais da organização
@banartefibraData em que você iniciou o projeto
10/2018Estágio do projeto
- Em crescimento (passaram das primeiras atividades; trabalhando para o próximo nível de expansão)
Elegibilidade I: Você atende a todos os critérios de elegibilidade?
- Sim, eu tenho mais de 18 anos de idade.
- Sou brasileira/o ou estrangeira/o residente no Brasil.
- Tenho atuação direta e comprovada no projeto.
- Não sou funcionário nem familiar de funcionários da Ashoka e da CTG Brasil.
Elegibilidade II: O projeto inscrito:
- É um projeto já implementado e posso comprovar nas respostas, fotos e documentações a serem apresentadas nesta inscrição..
- É um projeto que tem como foco pelo menos dois (2) dos quatro (4) pilares do turismo sustentável (social, cultural, ambiental e econômico) descritos na seção "Escopo e áreas de foco".
Ao se inscrever, você concorda que possamos apresentar seu trabalho nas mídias sociais e outras publicações da Ashoka e CTG Brasil, relacionadas ao Desafio?
- Sim, eu concordo.
1) Viagem pessoal: qual a história por trás da decisão em iniciar este projeto?
Léia foi morar em Miracatu por conta de uma doença da mãe e diante da necessidade de criar os filhos, em 2018, assumiu a liderança da Banarte, uma associação com mais de 20 anos que estava em processo de franca desestruturação. No mesmo ano foi implementado um projeto de desenvolvimento do turismo financiado pelo Legado das Águas que dentre as atividades contemplava um famtour com operadores especializados de SP. Consultores apoiaram na estruturação de uma experiência durante a visita à Banarte, mudando a lógica da visitação que era apenas de compras. Assim, as visitas passaram a se iniciar com o aprendizado sobre o tingimento da fibra de bananeira e entendimento sobre os tipos de fibra, depois com a possibilidade de realizar trançados no tear com o apoio de uma artesã e por fim, com a visita a loja e compras. A mudança do formato da experiência somado ao desenvolvimento de roteiros, em parceria com agências, realizado por guia do destino, alavancou a atividade turística na Banarte.2) O problema: que problema você está ajudando a resolver?
A região do Vale do ribeira possui o IDH (índice de desenvolvimento humano) mais baixo do Estado de SP, e aliado à isso, problemas de infra estruturas básicas, que afetam os moradores daquela região, como oferta de trabalho. Por outro lado a região possui uma extensa área verde, e uma vasta riqueza imaterial, com diversos grupos culturais: indígenas, quilombolas e caiçaras. O projeto ajuda a resolver o problema de falta de renda, baixa auto estima e falta de independência da mulher na sociedade3) Sua solução: como seu projeto responde a esse problema? Compartilhe sua abordagem específica.
No final de 2019 a Léia foi convidada a apoiar um grupo de artesanato que estava nascendo dentro de um empreendimento privado chamado Estação Itimirim, perto de Miracatu na rodovia Regis Bitencourt. Neste contexto, o projeto envolveria o fortalecimento do turismo de experiência na Banarte e sua expansão para a Estação Itimirim e integração com o Quilombo de Ivaporanduva, onde um grupo de mulheres quilombolas também trabalham o ofício da fibra de bananeira. Seria uma forma de fortalecer a experiência turística da região, por meio do estímulo a cultura local e integração de grupo singulares de artesãs caiçaras e quilombolas. O projeto envolveria a aquisição de teares, eletrodoméstico, máquinas de costura, tecidos e insumos, adaptação de estruturas, capacitações, construção de roteiro conectado por especialista, famtour de experiência com operadores especializados para integração do roteiro com o mercado intermediário, construção de banco de imagens e material promocional digital da experiência. Tais iniciativas poderão prover a estrutura necessária para receber os turistas, além de conectar o roteiro ao mercado intermediário e até mesmo ao mercado final por meio do material promocional. As atividades previstas serão efetivas para resolver o problema descrito. Basta ver o resultado alcançado pela Banarte em 16 meses, que mesmo sem envolver muita estruturação, já iniciou um processo de mudança positiva na vida das mulheres do grupo.4) Que tal incluir um vídeo sobre sua iniciativa?
Depoimento5) Atividades: Destaque as principais atividades que você realiza no dia-a- dia do seu projeto.
As atividades principais dos três grupos são direcionados ao artesanato e suas etapas, como: coleta de matéria prima, limpeza e preparo deste material, o fazer manual (tecelagem, trançados, tingimentos), vendas dos produtos, participações em feiras e eventos, recebimento do turista em sua comunidade.6) Inovação: Qual inovação sua iniciativa está desenvolvendo ou adaptando para solucionar problemas na área do turismo? Como se diferencia de outras iniciativas no setor?
O desenvolvimento de experiências de turismo sustentável em comunidades de artesãs, a manutenção do turismo e os resultados positivos da atividade é uma inovação em si. Os grupos que conseguem desenhar as atividades de maneira integrada e sustentável se diferenciam. No caso específico da Banarte o turismo gerou autoestima para o grupo, que foi estimulado a abrir uma conta no instagram/facebook, participar de mais eventos, reportagens e ter maior visibilidade. Recebendo pessoas que apreciam seu ofício, as artesãs compreenderam o valor do seu trabalho, da sua força interna e da sua história de vida. O processo como um todo gerou resultados financeiros importantes para o grupo que em outubro de 2018 tinha uma remuneração baixa por artesã, cerca de R$ 300,00 e chegou a março de 2020 com uma remuneração construída no valor de cerca de R$ 2.500,00 por artesã. O processo de inovação pelo turismo mudou a forma trabalho e visitação da associação. Foi preciso mostrar a sustentabilidade ambiental de se trabalhar com a fibra de bananeira, a valorização da cultura local, o trabalho delicado e cuidadoso de cada artesã. Além disso, a inovação nos produtos com apoio de designer especializado no material, fortaleceu o processo de venda. Alguns produtos encontrados na banarte são únicos.7) a) Pilares do Turismo sustentável: Quais dos seguintes pilares do Turismo Sustentável o seu projeto contempla?
- Social - iniciativas que melhorem a qualidade de vida das comunidades envolvidas, que sejam capazes de contribuir em aspectos da educação, saúde, articulação social, diversidade e atuação das comunidades.
- Cultural - iniciativas que valorizem as identidades e culturas locais, a preservação das histórias e os saberes tradicionais.
- Ambiental - iniciativas que reduzam o impacto ambiental, que ofereçam soluções de compensação, que cuidem da conservação e do uso de recursos naturais, que se proponham a regenerar áreas degradadas e que promovam educação e sensibilização ambiental.
- Econômico - iniciativas que atuem a partir da proposta de desenvolvimento local, que gerem emprego e renda localmente, que valorizem fornecedores locais, que construam parcerias e que fortaleçam redes de produção e serviços junto a outros agentes locais.
7) b) Pilares do Turismo Sustentável: explique como os pilares que sinalizou na pergunta anterior estão presentes na implementação do seu projeto.
Social - O projeto contribui nas etapas de articulação social, envolvendo mulheres locais, melhorando a qualidade de vida de suas famílias com a renda gerada pelo seu trabalho, contribui para a inclusão de novas integrantes, com processos educativos do seu fazer artesanal, além do estímulo à sua valorização junto à comunidade local Cultural - A região do Vale do Ribeira é formado por indígenas, caiçaras e os quilombolas descendentes de ex-escravos. O projeto apresentado valoriza essas referências e contribui na valorização e identidade dessas culturas locais, estimulando a preservação das histórias e os saberes tradicionais Ambiental - Aliados à natureza, essas comunidades criam sua arte através de insumos naturais provenientes de seu ambiente como folhas, cascas, cipós, fibras naturais, além de utilizar resíduos da agricultura local, como a fibra de bananeira. Tais iniciativas reduzem o impacto ambiental, oferecendo opções à materiais mais naturais, não poluentes, contribuindo assim para a conservação e uso consciente dos recursos naturais oferecidos, além de promover a educação, sensibilização ambiental, aliados à geração de renda dessas comunidades Econômico - O projeto fortalece o desenvolvimento local, aliado ao turismo, essas comunidades terão oportunidade de comunicar sua cultura, fortalecer seus vínculos, além de estimular sua economia, com geração de empregos, estimulando a rede de hotéis e comércio da região, e na construção de parcerias de produção e serviço8) Impacto: quais impactos seu projeto causou até agora? Considere impactos internos na estabilidade da sua organização e externos em relação ao pilares do turismo sustentável, utilize dados
De outubro de 2018 a março de 2020 a Banarte recebeu cerca de 1.300 turistas, tendo impacto financeiro de cerca de R$ 60.000,00. Em alguns meses a renda gerada pelo turismo foi maior que o faturamento proveniente do acordo entre a Banarte e a Tokstok, seu maior cliente. No mesmo período, a remuneração por artesã subiu de cerca de R$300,00 para cerca de R$ 2.500,00 por mês. "A Banarte estava quase extinta, apenas com o contrato da Tokstok no valor de R$ 1.000,00. Nessa época entramos no projeto do Legado das Águas no projeto de turismo. De lá pra cá a mudança foi muito grande, adquirimos máquina de cartão, entramos nas redes sociais, daí pra frente tivemos contato do design Luciano Pinheiro que nos permitiu inovar nos produtos. A mudança no fluxo de visitação no galpão fez os visitante valorizarem o produto e alavancou as vendas"9) Estratégias de crescimento: Quais são seus planos para fomentar o crescimento de sua iniciativa?
Melhorar as infraestruturas básicas das Associações Banarte, Ivaporunduva e Itimirim, para melhor receber o turista; Treinamentos de um grupo de artesãs de Ivaporunduva e Itimirim, de forma de imersão, efetuados pela Associação Banarte, para aprendizado das técnicas básicas; Implementação de oficinas: coleta do material (fibra); limpeza; Secagem; Tingimento; Técnicas de trançados; Técnicas de tramas em teares manuais; Confecção de produtos: luminárias, tapetes, bolsas, colares, acessórios em geral, cestos, almofadas. Imersão/oficinas de criação, consolidar a estrutura projetual e auxiliar no fazer artesanal, desenvolver técnicas e produtos com design para agregar valor, estrutura projetual (criar um museu e show room para os grupos), divulgação, capacitação Desenho da experiência turística integrada por consultor especializado, famtour com operadores e agências de ecoturismo e turismo de base comunitária, construção de banco de imagens e material promocional digital10) Colaboração: como a sua iniciativa colabora com outros atores (governos, universidades, empresas, associações da sociedade civil) para fazer a diferença? Você realiza alguma parceria?
As associações desde sua criação receberam apoios de instituições e órgãos municipais e estaduais. Na sua formação tiveram apoio do CODIVAR (consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Vale do Ribeira, Universidade de São Paulo e grupos de pesquisadores da Esalq Usp, liderados pela profª. Drª Maria Elisa de Paula Garavello, Sutaco, Sebrae. Hoje recebem apoios esporádicos do Sesc do Vale do Ribeira, algumas ações com as prefeituras municipais de Miracatu. Atualmente o grupo Banarte tem apoio de um designer (um dos integrantes deste projeto) e pesquisador da Universidade de São Paulo, especialista em fibras vegetais e artesanato, para ajudar no desenvolvimento e valorização do artesanato. A Associação Banarte também fazem parte do projeto “dá gosto de ser do Vale” projeto do Sebrae. No quilombo de Ivaporunduva possuem apoio da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) e PAA (Programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar), que compram seus produtos agrícolas.11) Inspirar novos agentes de transformação: você tem influenciado outras organizações e pessoas a se envolverem no seu projeto e/ou a se preocuparem com o Turismo Sustentável? Se sim, como?
Apesar de ser formado por três grupos que trabalham com o artesanato Tradicional e fibras naturais, cada grupo possui alguma atividade de pode complementar a outra. Estes projetos estimulam a comunidade do Vale do Ribeira olhar para o seu fazer artesanal, e ter esperança num futuro melhor através de sua arte local. Este projeto foi influenciado justamente nessas qualidades, e na tentativa de padronizar e estimular a experiência de turismo nos três grupos. Além do caráter multidisciplinar com profissionais de áreas chaves para dar apoio que essas comunidades precisam. Em resumo, a expansão integrada do projeto de turismo de experiência sustentável da Banarte é um estímulo ao desenvolvimento do turismo sustentável no Vale Ribeira12) a)Quais dos seguintes recursos sua organização obteve até o momento?
- Suporte de amigos
- Apoio da família
- Vendas
- Mentores / conselheiros
- vaquinhas virtuais
12) b) Planejamento Financeiro: como você planeja financiar o seu projeto a curto, médio e longo prazo?
No curto prazo, devido à pandemia de coronavirus, o projeto de artesanato da Banarte sofreu grande impacto por não ser possível participar de feiras e receber grupos de turistas. A renda média das artesãs caiu cerca de 52%. Atualmente o projeto está se sustentando com o apoio do auxilio emergencial do governo que significa cerca de 40% da renda por artesã e da venda para a tokstok e encomendas que equivale a cerca de 60% da renda por artesã. No médio e longo prazo e com o apoio do presente projeto, espera-se retomar e alavancar as atividades de turismo. Nesse cenário a participação em eventos e turismo de experiência significaria 60% e a venda para lojas e encomendas equivaleria a 40% da renda das artesãs.12) c) Quanto você já investiu no seu projeto para a operação deste ano?
- Investimento entre R$10.000 e R$50.000
12) d) Qual é o orçamento necessário para o funcionamento do seu projeto durante 1 ano?
- acima de R$ 50.000
13) Equipe: qual é a atual composição da sua equipe (papéis, qualificação, tempo integral x temporários, etc)? Como essa composição se transformará no futuro do seu projeto?
Banarte - 20 artesãs - tempo integral - extração das fibra, tingimento da fibra, confecção das peças, participação em feiras e recepção de turistas. Estação Itimirim- 09 artesãs - tempo integral - extração das fibra, tingimento da fibra, confecção das peças, participação em feiras e recepção de turistas. Quilombo do Ivaporanduva - 40 artesãs - tempo integral - extração das fibra, tingimento da fibra, confecção das peças, participação em feiras e recepção de turistas na área de artesanato. As artesãs continuarão cumprindo seu papel e serão também responsáveis pela compra dos materiais previstos no projeto. Para as capacitações, desenho de experiência em turismo, organização de famtur, banco de imagens e desenho de material gráfico digital serão contratados consultores especializados.14) Diversidade na equipe: descreva a diversidade de sua equipe e inclua informações sobre a distribuição de cargos.
A equipe é formada por mulheres, negras, quilombolas, de comunidades tradicionais, interoperacional. No caso da Banarte, uma artesã fica responsável por cortar o barbante para todas e tingimento, outra artesã fica responsável por entregar ofícios na prefeitura quando é preciso transporte, outras duas são responsáveis por participar das feiras em Miracatu, a tesoureira fica encarregada de fazer o lançamento das notas e o balanço mensal, a presidente fica responsável pela articulação, vendas, orçamento, manutenção do facebook e instagram. A partir do momento que vão surgindo outras demandas o trabalho vai sendo dividido. Para as rotinas do dia a dia trabalha-se com escala.15) a) Diversidade do público de sua iniciativa: o seu projeto tem como foco específico algum dos seguintes grupos?
- Minorias étnicas
- Comunidade negra
- Comunidade de baixa renda
- Comunidade rural
- Comunidade periférica
- Comunidade quilombola
- Outra Comunidade Tradicional
15) b) Diversidade de público da iniciativa: Dê exemplos reais de como o seu projeto está conseguindo impactar todos os grupos que você indicou na pergunta anterior.
Minorias étnicas - Preservação e resgate da cultura e fazeres tradicionais; Comunidade negra - empoderamento e independência da mulher artesã; Comunidade de baixa renda - estímulo da renda local e novos ofícios; Comunidade rural- reaproveitamentos dos insumos da produção local e uso consciente da natureza;Comunidade periférica - educação ambiental e novas oportunidades; Comunidade quilombola - valorização da cultura, resgate histórico cultural, geração de renda; Outra Comunidade Tradicional - Caiçaras: valorização da cultura, resgate histórico cultural, geração de renda;16) Como você soube desse desafio?
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CommentSalvador